Coleccionadores de imagens


Rumo ao trabalho olham pela janela do comboio mirando cada recanto luminoso da paisagem que se altera a cada segundo que passa.
Confortável rotina, agradável à mente, conhecida. Observam cada ponto como se de um coleccionador se tratassem e estivessem a polir cada peça da colecção.
Apelido-os coleccionadores de imagens que vão arrecadando à medida que o comboio passa e a hora vai ficando mais perto do destino. Ou o destino da hora.
Também eles se estão a polir, ao mesmo tempo que observam imaginam as ruas e os prédios bonitos bosques com frutos silvestres que caem de arbustos frondosos, ou então simplesmente observam, silenciosos, como se por ali já tivessem passado vezes sem conta. Uma expectativa concretizada, no objecto que se mira pela janela.
Fitam a memória, guardando mais um pormenor que no dia anterior ficara esquecido, deixam-na aconchegar-se numa viagem já antes percorrida, e de novo renovada.
É como se chegassem a casa e colocassem nos pés frios, as mesmas pantufas, já conhecidas e nesse momento se deixassem aperceber de mais um pormenor, criando no já esperado um pouco de novidade emergente. E tão especial
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